Para receber lote de terra é preciso ter perfil de produtor, diz Nabhan Garcia
Escolhido para assumir a Secretaria Especial de Assuntos Fundiários, o produtor rural Luiz Antonio Nabhan Garcia, presidente da União Democrática Ruralista (UDR), afirma que irá combater os lotes abandonados que se transformaram em “favelas rurais” nos últimos anos.
– Se acabarmos com a ociosidade da terra em alguns assentamentos, poderemos reacomodar muita gente. E, para receber o lote de terra, é preciso ter perfil de produtor – afirmou Nabhan, que já começou a transição no Centro Cultura Banco do Brasil, em Brasília.
A indicação do ruralista foi confirmada ontem pelo governo de Jair Bolsonaro. A secretaria especial será vinculada ao Ministério da Agricultura. Segundo Nabhan, ainda não está definido se a pasta irá incorporar todas as atribuições da atual Secretaria de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário, ligada à Presidência da República.
– O que está definido é que a secretaria cuidará se assuntos fundiários e agrários. Faremos um amplo levantamento técnico, sem política e ideologia – afirmou.
Nabhan, que chegou a ser cotado para assumir o Ministério da Agricultura, acabou sendo preterido com a indicação da deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS) pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Na época, chegou a classificar a escolha como “fruto da velha política”.
– Esse assunto já está superado. O nome da Tereza tem meu respeito e amizade de longa data. Iremos trabalhar juntos em defesa da produção rural – resumiu.
A transferência dos assuntos fundiários para o Ministério da Agricultura agradou a representantes da agricultura familiar, que se sentiam deixados de lado dentro da Casa Civil.
– É uma questão de afinidade de assuntos – avalia Carlos Joel da Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag).
Sobre a escolha de Nabhan, acrescenta o dirigente, o receio é em relação à falta de identidade com a agricultura familiar – por se tratar de um grande produtor rural.
– Não estamos o desqualificando, mas por se tratar de alguém com pouca relação com o setor, é uma incógnita para nós – disse Rui Valença, coordenador da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul no Estado (Fetraf-RS).
Fonte: Gaúcha ZH