China projeta reduzir importações de soja e medida pode afetar o RS
Um estudo divulgado pelo governo da China traz um alerta aos produtores de soja do Brasil, que, de janeiro a julho deste ano, comercializaram o equivalente a US$ 17,5 bilhões somente para o mercado chinês. E dado o peso das exportações de soja na balança comercial do Rio Grande do Sul, o sinal vermelho deve ser acionado também no Estado. Com a criação de um tipo de ração de baixa proteína – que não prejudica o desenvolvimento dos animais -, aliada ao aumento da área plantada com a oleaginosa em terras chinesas, a importação de soja poderá cair, já neste ano, em 10 milhões de toneladas – cerca de 10% de tudo o que é importado hoje.
No momento, a China está produzindo e já começou a utilizar uma nova tecnologia de ração de baixa proteína na criação de porcos e frangos. Zhang Haitao, encarregado da tecnologia na Guangdong Evergreen Feed Industry, afirma, segundo a agência de notícias Xinhua, que a China tem suficiente capacidade produtiva de aminoácido, e que o uso da fórmula de ração de baixa proteína pode reduzir a demanda do país pela farinha de soja entre 5% e 7%.
Como resultado, é “operável e sustentável” baixar o consumo de soja da China utilizando rações de baixa proteína, acrescentou Zhang. Além da redução na demanda pela oleaginosa na pecuária chinesa, o gigante asiático também trabalha para aumentar sua própria produção de soja. Com essas duas estratégias no horizonte tomando corpo, a redução da necessidade de importações pode afetar os negócios gaúchos.
Segundo a Fiergs, o Estado tem balança comercial positiva com a China, mas basicamente graças à soja. “Em 2017, exportamos US$ 5,35 bilhões para o país, enquanto importamos US$ 1,07 bilhão, o que gerou uma corrente de comércio de US$ 6,4 bilhões. O nosso principal produto enviado à China é a soja, que corresponde a mais de 80% do embarcado em 2017”, destaca o presidente da Fiergs, Gilberto Petry, que tenta estimular a exportação de mais produtos industrializados e de diferentes setores para diversificar a pauta.
O alerta vermelho na dependência gaúcha da oleaginosa para o equilíbrio da balança está lançado e pode afetar as vendas do Estado em médio prazo. A perspectiva de redução anunciada, porém, tende a ser diluída pelo crescimento da economia e do consumo de alimentos por parte da China, avalia Antônio da Luz, economista da Farsul.
Luz também ressalta que a China poderá adotar outras estratégias para fugir da elevação dos custos da importação de soja, boa parte reflexo da guerra comercial com os Estados Unidos, reforçando o cultivo na África, um de seus grandes parceiros.
O abalo na relação entre EUA e China traz riscos de médio e longo prazos para todos, alerta Luz. O primeiro deles é que, sem a soja norte-americana, a China tende – como já está fazendo – a buscar alternativas para a oleaginosa. “Teria um custo elevado a produção de soja na África? Sim, teria. Mas o custo de colocar dinheiro na África para organizar a produção de soja pode ser menos do que pagar o custo maior pela soja brasileira ou norte-americana, com sua sobretaxa de 25%”, analisa o economista.
Fonte: Xinhua, agência estatal de notícias da China e Jornal do Comércio RS
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