Como as cidades brasileiras estão enfrentando e agindo frente a escassez hídrica?
A ampla área territorial do Brasil faz com que o país seja considerado “de dimensões continentais”, cuja extensão é a quinta maior do planeta, atrás somente de Rússia, Canadá, Estados Unidos e China. Não apenas a amplitude de sua área, mas também a sua localização proporciona vantagens naturais como fontes de água doce e potável equivalentes a 12% do volume disponível mundialmente”.
Apesar dessa vantagem natural, a disponibilidade regional da água apresenta significativo desequilíbrio. Com a região norte do país concentrando 68,5% desse recurso, a região Nordeste conta com apenas 3,3%.
Com a pandemia do novo Coronavírus (COVID 19), temos visto a importância e necessidade do acesso a água para a higienização, uma barreira essencial para a disseminação do vírus. Para entender como as cidades da região estão agindo no enfrentamento da questão hídrica, foram analisadas respostas de 293 cidades latino-americanas ao questionário de 2020 de cidades, através da Plataforma Unificada CDP-ICLEI. Dentro deste grupo, 92 são cidades brasileiras, conforme destaca a integrante da CDP a engenheira química, Andreia Banhe.
Segundo os dados, foram identificados 1.153 perigos climáticos que impactam a América Latina. O recorte dos dados das cidades brasileiras participantes indica 307 perigos de 26 tipos de riscos. A análise dos dados referentes ao Brasil indica riscos semelhantes aos da América Latina em geral, sendo os mais reportados secas (13%) e tempestades (13%), mas se diferenciam da região com a inclusão do risco de enchentes (8%), doenças causadas por vetores biológicos (7%) e deslizamentos de terra (7%). No módulo “Segurança Hídrica”, presente na plataforma de reporte de cidades, 87% das cidades brasileiras responderam (80), corroborando com a importância e relevância do tema para os municípios, enfatiza Andreia.
Para mitigar esses riscos, estão sendo realizadas 126 ações, como educação ambiental e conscientização sobre a necessidade de preservação (21%), investimento em infraestrutura hídrica já existente (18%) e diversificação das fontes de água, incluindo novas fontes (10%). A distribuição populacional da cidade evidencia ainda mais os riscos que a escassez hídrica pode apresentar: 97,5% da população da cidade vive em perímetros urbanos. Por outro lado, essa questão traz uma grande oportunidade para projetos em áreas rurais, que beneficiam a cidade como um todo, como projetos em áreas degradadas que levem em conta soluções baseadas na natureza. Sobre a afirmativa a água do mundo vai acabar, Andréia Banhe diz o seguinte.
Andria banhe do Instituto CDP comenta sobre a polêmica remuneração por serviços ambientais.
Foto: Corsan Divulgação