Pandemia de coronavírus deverá aumentar número de pobres

Diante da pandemia de coronavírus, não só o sistema de saúde nacional é alvo de atenção. A economia parada devido ao isolamento social preocupa entidades internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), pela possibilidade do aprofundamento da desigualdade social e da formação de uma nova legião de pobres.
Marta Arretche, professora do Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e pesquisadora do Centro de Estudos da Metrópole (CEM) da USP, o porquê dessa situação ser preocupante. Ela ressalta que “a pandemia em si não é o que causa pobreza, mas a grande pressão nos sistemas de saúde dos países, o que se prevê que causará o aumento da desigualdade e pobreza absoluta pelo isolamento social, porque os fluxos econômicos serão brutalmente reduzidos, afetando o funcionamento das empresas”.
Em outros países, como o Reino Unido, os governos têm tomado medidas para tentar conter o avanço do empobrecimento da população, fornecendo uma complementação governamental de renda para as pessoas que perderam seus trabalhos, por exemplo. A intenção é reduzir a pobreza absoluta no momento de insegurança causado pela pandemia.
Segundo a especialista, os países que não conseguirem adotar medidas similares terão consequências mais graves.
No Brasil, Marta avalia a ação do governo como lenta, em comparação ao rápido avanço da doença no País. Segundo seus estudos, “já vínhamos de uma recessão na economia há algum tempo, e tínhamos dados de que a pobreza absoluta vinha aumentando, tanto por conta do desemprego quanto da queda da renda média, com redução de pagamentos do Bolsa Família e o aumento da taxa de informalidade por aqui”, afirma. Por isso, ela defende uma reação rápida do governo na implementação de políticas que garantam uma renda mínima à população mais vulnerável durante esse período de quarentena.
A entrevista é da repórter Roxane Ré.
Fonte e foto: Rádio USP