Número de produtores de leite do RS caiu pela metade em 6 anos, aponta levantamento
Entre 2015 e 2021, o número de famílias produtoras de leite passou de 84 mil para 40 mil no Rio Grande do Sul. A estimativa é resultado de um levantamento de entidades do setor.
Na conta, entram apenas as famílias que vendem para indústrias, cooperativas e queijarias ou que processam o leite em agroindústria própria. Este ano, o estado deve apresentar nova queda, segundo projeção do Sindicato da Indústria de Laticínios (Sindilat).
Para a maioria dos produtores, entre as principais dificuldades para se manter no negócio estão a falta de mão de obra, a falta de pessoas da família que querem seguir no setor e o descontentamento com o preço recebido pelo leite.
Nem mesmo a maior bacia leiteira do RS resiste ao movimento. Nos últimos dois anos, o município de Santo Cristo, na Região Norte, perdeu mais de 200 produtores de leite.
”Um cenário bastante complicado. O custo subiu, o preço dos produtos não acompanhou essa subida, três anos de estiagem. Dificulta a atividade”, avalia o produtor rural Sandro Luis Krein, que é dono de 35 vacas.
Atualmente, produtores recebem entre R$ 2,60 e R$ 3,20 pelo litro do leite. O recebimento do pagamento pode levar até 45 dias.
O diretor-executivo do Sindilat, Darlan Palharini, afirma que o governo precisa apoiar as famílias com a aquisição e instalação de reservatórios de água. Ele acrescenta que também é necessário comprar mais leite e derivados de produtores gaúchos.
”O Brasil tem condições de, sem a grande saída de produtores, ser competitivo, mas para isso precisa dessa questão e, principalmente, uma política de estado para consumo de lácteos”, avalia Palharini.
O Rio Grande do Sul produz 4,2 bilhões de litros de leite por ano. Dois bilhões de litros são vendidos para empresas de São Paulo, Rio de Janeiro e estados das regiões Norte e Nordeste do país. O governo do estado afirma que já tem um projeto para aumentar a compra do que é produzido no estado. Resta a definição de prazos.
”A gente precisa primeiro preparar os fornecedores para que eles tenham disponibilidade e regularidade no fornecimento dos produtos. A ideia é que a gente consiga, este ano, implementar todo o eixo que vai fomentar a cadeia, seja através da educação, seja através da saúde ou da Segurança Pública, que são os principais, e organizar os fornecedores para que eles tenham produtos disponíveis e regularidade no fornecimento”, pontua o secretário de Desenvolvimento Rural do RS, Ronaldo Santini.
G1