Mercadinhos de bairro ganham fôlego no Brasil com a pandemia de coronavírus e a inflação alta
As restrições causadas pela pandemia de coronavírus e a alta nos preços dos alimentos e dos combustíveis têm contribuído para a expansão de minimercados, mercearias e armazéns pelo Brasil. A abertura de novos negócios nesse perfil cresceu 13,6% entre 2020 e 2021, segundo levantamento do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
Em 2022, o Brasil tem mais de 400 mil mercadinhos registrados, e os MEIs (Microempreendedores Individuais) são maioria entre esses estabelecimentos, segundo a pesquisa.
Ao avaliar essas novas empresas abertas entre os MEIs, o número de mercadinhos saltou de 38,1 mil novos empreendimentos formalizados em 2018 para 56,4 mil em 2021. O número é positivo se comparado aos empreendimentos que fecharam as portas. Em 2018, 40,2 mil MEIs do setor encerraram suas atividades, contra 17,7 mil em 2021.
A pesquisa mostra que, além de ser um nicho que abriga diversos tipos de atividades em um só formato – padaria, açougue e hortifrúti, por exemplo –, o segmento foi um dos poucos que não paralisaram as suas atividades durante a pandemia, por ser considerado essencial.
Para o analista da Unidade de Competitividade do Sebrae, Vicente Scalia, outro fator que beneficiou os mercadinhos foi a escalada da inflação e a redução do poder de compra do consumidor.
“Essa foi uma atividade que cresceu muito e ressalto, principalmente, o papel das compras menores, aquelas semanais. O poder de compra do brasileiro vem diminuindo e não há mais espaço para a compra mensal. Com a alta dos preços dos alimentos e do combustível, o cliente se desloca, no máximo, para um mercadinho do próprio bairro, onde adquire o necessário”, explicou Scalia.
As restrições impostas pela pandemia foram um empurrão para acelerar as mudanças do setor. Segundo o analista do Sebrae, a transformação mais notável foi o crescimento do delivery.
Outra inovação que ganhou força foram os minimercados de condomínio, que permitem compras rápidas de produtos industrializados, em sua maioria, sem a necessidade do atendimento de um funcionário, com o pagamento via caixa eletrônico ou por meio de aplicativo, e os clubes de produtos por assinatura, que agora incluem artigos de minimercados.
Fonte: Jornal O Sul