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Moacyr Franco: “Paula Fernandes está me sustentando”

Moacyr Franco: “Paula Fernandes está me sustentando”
12.01.2012 00h00  /  Postado por: upside

“Devo estar vivendo os últimos 10% da minha vida”. Moacyr Franco, que está com 75 anos, repete a frase por duas vezes durante a entrevista que concedeu no litoral paulista. Apesar de acreditar que só tem mais cerca de sete anos pela frente, o músico, escritor e ator está repleto de planos profissionais. Uma autobiografia, a continuidade de seu trabalho na “A Praça é Nossa”, a gravação de mais alguns CDs e projetos para o cinema estão na lista. Esta última vontade veio após uma participação no filme “O Palhaço”, de Selton Mello, no qual interpreta o delegado Justo. Com o papel, levou o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante no Festival de Paulínia.
Será que a abelhinha do cinema picou Moacyr? “Não, foi a abelhinha da perfeição. Às vezes eu gravava seriado na rua sem monitor”, contou o músico, que diz que quer “fazer direito” seus próximos trabalhos.
Bem disposto e animado, Moacyr não perde o humor nem quando conta que bateu o carro ao atender uma ligação da reportagem. “Fui atender o telefone e bati no carro da frente. Você não acredita na coincidência: estávamos indo para o mesmo local e estamos hospedados no mesmo hotel”, contou Moacyr sobre o motorista do outro carro.
Solteiro – ele se separou há dois anos de Dani Franco –, ele se diz uma pessoa antenada e não consegue ficar ouvindo lamentações de mulheres de meia-idade. “É muito complicado pra mim sentar com uma moça de 50 anos que queira conversar sobre ‘ah, essa vida é muito triste’. Eu não aguento. Não é meu papo esse aí. Minha conversa é outra. Quero viver o que virá”, afirma. Enquanto segue sozinho, dedica-se ao trabalho e não para: “Vim na estrada gravando uma música”.
iG: Está fazendo as duas coisas, então, atuação e música?Moacyr Franco: Faço tudo! E escrever, que é o principal. Acho que é o meu dote que levo mais a sério. Acho que escrevo bem. Aí, estou fazendo ao mesmo tempo dois seriados e um esboço de um livro. Tem um pessoal querendo fazer um curta-metragem sobre minha vida e estou com muito medo. Quero ficar dono da minha vida.
iG: Está com medo de não retratarem bem sua vida?Moacyr Franco: Não, é gente muito competente. Mas quero fazer eu, até porque acho que narro bem, que escrevo bem, tenho histórias muito bonitas.
iG: Você me parece muito perfeccionista. Moacyr Franco: Sou agora, porque já fui muito porco. Porque era assim, era tudo muito improvisado. Já fui menos exigente do que sou agora. Primeiro porque essa última parte da minha vida, que devo estar vivendo os últimos 10%, preciso fazer tudo direitinho para deixar uma boa imagem. Se eu fosse sozinho no mundo, não tinha importância. Mas meus filhos vão herdar isso. Quero que tenham uma boa imagem do pai, do avô.
iG: Você escreve, atua, mas o ramo que é mais conhecido é na música. Apesar disso, acabou de receber um prêmio por sua atuação em “O Palhaço”. Afinal, em que você se realiza realmente?Moacyr Franco: O que é mais prazeroso fazer, mais fácil, é cantar. Tenho 42 discos de ouro. Se eu abrir a boca e cantar 25 músicas dessas, todo mundo canta junto. Então é o que dá menos trabalho. Mas eu acho que o que faço melhor é escrever.
iG: Tem várias canções que você escreveu para o sertanejo, que fazem sucesso ainda hoje. Você recebe por essas músicas?Moacyr Franco: Parei de me preocupar com esse negócio de direitos. Recebo o que eles mandam e pronto. Fiquei 40 anos discutindo, “mais porque, mais como assim, e tal”. Não posso me queixar, não, porque esse pessoal atual tem regravado coisa minha. Tenho uma música que todo mundo gravou (“Ainda Ontem, Chorei de Saudade”). Essa Paula Fernandes está me sustentando. Ela canta todo show, e ela faz show todo dia. Só isso aí já dá uma arrecadação legal.
iG: Você acabou de ganhar um prêmio no cinema, em seu primeiro trabalho nas telonas. Como foi ser reconhecido por algo em que você estava estreando?Moacyr Franco: (Moacyr fica com os olhos marejados) Fiquei muito emocionado quando ganhei esse prêmio. Acho que foi o momento mais emocionante de toda a minha vida, que é pontilhada de momentos agudos. Mas é porque não tinha a menor expectativa quanto a isso. Já me considerei muito feliz, considerei um prêmio, ter sido convidado pelo Selton Mello para participar de um filme dele, porque ele é a atualidade, é o cinema novo, o futuro. No dia da exibição foi chocante, para dizer uma coisa mais suave, porque o cinema aplaudiu minha cena. Não vi um olhar negativo.
iG: E como foi no dia da premiação?Moacyr Franco: Eu tinha acabado uma gravação no SBT e fiquei na dúvida, vou ou não vou. Cheguei lá meia-noite e não tinha mais ninguém. Mas tinha uma festa na lateral do teatro. Cruzei com um casal e eles me cumprimentaram. Olhei para eles e falei: “Mas por que parabéns?”. Aí a mocinha falou: “Melhor Ator Coadjuvante”. Fiquei paralisado, me deu uma coisa, um choque. Como pode concorrer ao prêmio de ator coadjuvante um cara que atua em uma cena de menos de três minutos? Cruzei com o Selton e aí foi uma cena de futebol. Ele me agarrou que nem quando faz gol e rolamos no chão. Na minha vida, de dez em dez anos, acontece alguma coisa e eu renasço, inclusive como ser humano, como pessoa física mesmo. Uma vez eu morri na Santa Casa de Santos.
iG: Como assim?Moacyr Franco: É, fiquei cinco minutos morto. E eles me recuperar. Foi durante uma operação. E aí, minha vida mudou. Foi esse negócio de sertanejo começar a gravar música minha, a Rita Lee me reciclou, me colocou em outro patamar, me aproximou desse pessoal jovem, universitário. Então esse negócio do cinema é mais uma dessas. Tenho certeza que vou fazer carreira no cinema agora. Até porque tem muito pouco velho disponível (risos).
Mais informações da entrevista acesse: http://gente.ig.com.br/moacyr-franco-paula-fernandes-esta-me-sustentando/n1597564092340.html

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