As invasões fazem parte da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, o chamado Abril Vermelho, em memória às 19 mortes de trabalhadores sem-terra ocorridas em Eldorado do Carajás (PA), em 17 de abril de 1996.
As ações ocorreram em Pernambuco, no Ceará, em Minas Gerais e em Alagoas. Em Pernambuco, 2.280 famílias, segundo levantamento do próprio movimento, invadiram ao menos oito locais — uma área da Embrapa e sete propriedades, entre fazendas, engenhos e terras públicas.
Em março, foi protocolado, na Câmara dos Deputados, pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as invasões do MST. O requerimento atingiu o número mínimo de assinaturas e a abertura da CPI depende da aprovação do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).
Pernambuco
As oito invasões no estado ocorreram em uma área da Embrapa Semiárido, em Petrolina; no Engenho Cumbre, em Timbaúba; Engenho Juliãozinho, também em Timbaúba; Engenho Pinheiro, em Jaboatão dos Guararapes; Barro do Algodão, em Tacaimbó; Santa Terezinha, em Caruaru; Fazenda Boa Esperança, em Glória do Goitá; e Engenho Barreirinha, na Usina Santa Tereza, em Goiana.
Entre as justificativas para as invasões, o MST alega que os locais representam “concentração fundiária”, são “improdutivos” e que os proprietários têm “irregularidades tributárias e dividendos” com o Estado brasileiro. O movimento também afirma que as áreas têm sido griladas e arrendadas de maneira irregular.
Outros estados
As sedes do Incra em três capitais também foram invadidas pelo MST. Em Fortaleza (CE) e em Belo Horizonte (MG), na segunda-feira (17), e em Maceió (AL), em 9 de abril.
Reações
Em nota publicada na noite de segunda (17), a Embrapa informou que área invadida em Petrolina “foi anexada, administrativamente, à Embrapa Semiárido e tem sido utilizada para instalação de experimentos diversos e multiplicação de material genético básico de cultivares lançadas pela Empresa (sementes e mudas).”
“A invasão atingiu ainda áreas de preservação da Caatinga, comprometendo a vida de animais ameaçados de extinção, além de pesquisas para conservação ambiental e de uso sustentável do Bioma. O posicionamento da Embrapa é que as terras são patrimônio do governo brasileiro, produtivas e destinadas ao uso exclusivo da Embrapa Semiárido para o desenvolvimento de pesquisas e geração de tecnologias voltadas à melhoria da qualidade de vida de populações rurais. Neste momento, a invasão à área da Embrapa já está trazendo danos à condução de seus trabalhos e ao planejamento da execução de projetos e ações de pesquisa, que incluem parceiros com quem temos estabelecido avanços de cooperação que repercutirão em resultados de alto potencial de adoção junto aos produtores do Semiárido”, escreveu a empresa.
R7