— Não sei se ela teria aguentado mais cinco minutos, em razão do vento, das ondas e da temperatura da água. Foi um milagre termos conseguido encontrá-la na imensidão da lagoa, só com o rosto para fora — afirma o comandante dos Bombeiros em Tapes, Alessandro Vasque, 45 anos.
A menina estava dentro do bote na companhia do tio, Jairo Apolinário, 64 anos, quando o vento começou a empurrá-los para longe da margem, por volta das 11h30min. Sem conseguir remar de volta, Apolinário decidiu saltar do barco para puxá-lo de volta ao solo. Para sua surpresa, ao pular seus pés não encontraram mais o fundo da lagoa.
— Como remava, remava e não adiantava, resolvi sair do barco para ir puxando, mas, quando desci, já não dava mais pé e fui ao fundo. Se não fosse pela Isabelle, acho que teria desistido até de me salvar, porque fiquei muito cansado. Mas eu precisava sair para pedir socorro — conta o tio.
Acionado pela Brigada Militar, o Corpo de Bombeiros Voluntários de Tapes começou a providenciar o despacho de uma embarcação própria ao local. Mas, com o objetivo de ganhar minutos valiosos, o comandante lembrou que o proprietário de um camping próximo, Márcio Chicasca, tinha um barco próprio.
Em pouco tempo, conseguiram a embarcação emprestada e começaram a vasculhar a lagoa.
— Como as ondulações estavam muito grandes, não se conseguia enxergar nada sobre a superfície. Foi Deus que nos colocou na direção onde a menina estava — conta Vasque.
Quando avistaram Isabelle, ela já havia saltado da embarcação para tentar voltar à terra a nado — mesmo que tenha dito à equipe de socorro que não sabia nadar.
— Ela estava preocupada comigo, porque não tinha mais me visto depois que pulei para tentar nos salvar — explica Apolinário.
Resgatada por uma boia de salvamento, se mostrou o tempo todo tranquila.
— Ela estava só com o rostinho fora da água. Mesmo assim, não demonstrou medo em nenhum momento. Apenas perguntou se o tio estava bem, porque achava que ele havia afundado — conta Vasque.
Segundo o bombeiro voluntário, no local do resgate a profundidade deve oscilar entre algo como quatro ou cinco metros:
— Ao todo, a menina deve ter ficado naquela situação por uma meia hora, já que levamos cerca de 20 minutos para encontrá-la depois de termos entrado na água. Foi um milagre.
No meio da tarde, o casal de tios, Isabelle e uma irmã de 14 anos arrumavam as coisas para retornar ao município de Campo Bom, onde as meninas vivem com a mãe. Como a mãe precisava trabalhar no final de semana, viajaram a Tapes na companhia dos tios, como já haviam feito outras vezes.
— Agora, não faremos mais isso. O susto foi grande demais — concluiu Apolinário.
GZH