As moedas digitais emitidas pelos bancos centrais são atualmente uma das inovações mais revolucionárias no ecossistema financeiro global. E, também, um dos temas mais polêmicos do momento no mundo cripto. Com a evolução desse tipo de ativo e das regulações mundiais, muitas perguntas sobre CBDC – Central Bank Digital Currency – e criptomoedas estão surgindo. A maior delas, talvez, é se será o fim do dinheiro físico.
À medida que as criptomoedas e as stablecoins popularizaram, os bancos centrais do mundo todo perceberam que se eles não fornecessem uma alternativa ao dinheiro físico, correriam o risco de ficar para trás na maratona do “futuro do dinheiro”.
As CBDCs são semelhantes às stablecoins, criptomoedas pareadas em uma moeda fiduciária tradicional específica (sem valor definido), na proporção de 1 por 1. As stablecoins como Tether (USDT), por exemplo, são administradas por entidades privadas e centralizadas, que detêm uma quantia de dinheiro fiduciário emitida pelo Banco Central.
Mas o FMI – Fundo Monetário Internacional – considera as CBDCs uma nova forma de dinheiro, já que são classificadas pelo formato digital, emitidas pelo Banco Central de um país e destinadas a servir como moeda legal. A tendência é que elas funcionem também em carteiras semelhantes ao Apple Pay, Google Wallet ou Samsung Pay.
Tudo isso se tornou mais evidente com a crescente importância do dinheiro digital durante a pandemia da COVID-19, a mudança para pagamentos digitais, as ambições de empregar as moedas digitais estrangeiras em transferências internacionais e as preocupações com a exclusão financeira. O Bank for International Settlements elencou três razões para o recente aumento de CBDCs em seu relatório de junho de 2021:
- O interesse crescente em torno do Bitcoin e do mercado de criptomoedas;
- A alta das buscas sobre stablecoins;
- A entrada de Big Techs nas finanças.
Alguns governos veem as CBDCs como dinheiro programável, ou seja, que permite que as transações financeiras ocorram de forma mais inteligente e sem intermediação humana. Isso além de resolver o desafio de uma inclusão financeira mais abrangente. O desenvolvimento desse tipo de moeda de uso geral ou apenas por atacado, teoricamente, pode ajudar os sistemas de pagamento, compensação e liquidação de várias maneiras.
A ideia está ganhando força entre os bancos em mercados emergentes devido ao desejo de liderar o setor de fintech em rápido crescimento, promover a inclusão financeira acelerando a transição para uma sociedade sem papel, e reduzir os custos de impressão e manuseio de moeda.
Além disso, o modelo por atacado é destinado para que os bancos mantenham depósitos de reserva em um Banco Central, o que poderia aumentar a eficiência dos pagamentos e liquidações de títulos, e reduzir os riscos de crédito e liquidez da contraparte.
Parece que estamos diante de um “ganha-ganha”. Então é difícil não acreditar que, de fato, se haverá uma perda será a do dinheiro físico, que deve ser extinto mais cedo do que alguns mais conservadores podem imaginar. Porém, também existem cuidados e possíveis “perigos” que as CBDCs podem trazer, mas isso fica para a próxima coluna.
Seguimos atentos.