“Os assaltantes começaram a atirar e nós também”, diz agricultor sobre morte de dois ladrões em Passo Fundo
Um agricultor de 37 anos, que se dedica ao plantio de soja e criação de vacas leiteiras, tinha ouvido o chamado da mãe para o almoço, perto das 12h30min de terça-feira (7), quando três homens chegaram de carro na propriedade em São Pedrinho, no interior de Passo Fundo, no Norte. O trio perguntou por seu nome e quis saber se a família vendia queijo. Antes que conseguisse entrar em casa após dizer que não tinha o alimento, dois homens teriam saído do veículo e, armados, anunciado o assalto — o caso terminou com dois ladrões mortos e um terceiro preso.
— Diziam que queriam dinheiro. Só tentei acalmar a mãe, que estava sentada na área, e meu irmão, para que não reagissem. Fiquei sempre na frente deles — conta o homem.
Ao entrarem na casa onde a vítima vive com a mãe de 68 anos e o irmão de 42, os criminosos pegaram dinheiro, talões de cheque e trancaram os três num banheiro. Naquele cômodo, a família tinha guardada a espingarda calibre 32:
— Ficamos menos de um minuto ali. Foi o tempo de pegar a arma.
Quando o agricultor saiu do banheiro armado, os criminosos já estavam fora da casa. O trio fugiu com o Kadett. O agricultor conta que pegou sua picape S10 e, com a mãe e o irmão, foi buscar ajuda no vizinho.
— Como não sabia se todos tinham ido embora e se tinham pego o telefone da minha mãe, decidi ir até o vizinho. Tinha andado uns 800 metros quando encontrei o carro deles capotado. Fui até o vizinho e pedi que ligassem para a Brigada Militar — relembra.
Depois de telefonarem para a BM, o agricultor e o vizinho foram atrás do trio. Um outro morador da localidade também ajudou nas buscas, mas não estava armado.
— Encontramos os assaltantes e começaram a atirar. Nós também. Pedimos para pararem, mas seguiram. Queríamos evitar que fugissem — conta.
Segundo o relato do agricultor, o trio de assaltantes se atirou em um arroio e tentou se esconder embaixo de uma ponte. Nesse momento, os criminosos teriam voltado a disparar. A vítima e os vizinhos revidavam. Foi aí que um dos ladrões foi atingido e morto.
— Nem eu e nem meu vizinho sabemos quais dos disparos atingiram ele (criminoso) — conta.
Ainda conforme o relato do agricultor, os outros dois assaltantes fugiam mato adentro. Segundo ele, a troca de tiros seguiu até que conseguiram cercar a dupla:
— Um deles, a nosso pedido, ergueu a camisa e mostrou que não estava armado. O outro tinha um revólver na cintura e ameaçou pegá-lo para atirar em mim. Foi quando disparei contra ele.
A bala atingiu o tórax do criminoso, que morreu no local. Em seguida, a Brigada chegou e encaminhou o terceiro assaltante ao hospital, ferido na perna e nas nádegas:
— Durante todo o tempo tentei manter a calma. Nossa intenção era segurá-los para não fugirem, porque a Brigada estava a caminho. Mas com eles atirando o tempo todo, também atirávamos.
As armas foram apreendidas para perícia. A espingarda usada pela vítima foi herdada do avô e está registrada. O homem diz não saber a quantidade de vezes que disparou contra os assaltantes e conta que a mãe e o irmão estão traumatizados:
— Fiquei até tarde da noite na delegacia. Eles (ladrões) chegaram perguntando por mim, sabiam que iam me achar.
A Polícia Civil vai apurar as circunstâncias do assalto e da reação. A titular da Delegacia de Homicídios de Passo Fundo, Daniela Mineto, afirma que vai averiguar a perícia dos corpos, a posição das balas, o número de tiros e se todos os disparos foram efetivamente necessários.
— Quando a polícia chegou ao local, já haviam dois indivíduos em óbito e o terceiro rendido pela vítima — conclui a delegada.
Fonte e foto: Gaúcha ZH