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União entra na Justiça para que empresas paguem por gastos com doenças relacionadas ao cigarro

União entra na Justiça para que empresas paguem por gastos com doenças relacionadas ao cigarro
22.05.2019 07h50  /  Postado por: Roger Nicolini

A Advocacia-Geral da União (AGU) protocolou nesta terça-feira (21) uma ação na Justiça Federal do Rio Grande do Sul pedindo o ressarcimento aos cofres públicos dos gastos com tratamento de doenças causadas pelo tabaco. O pedido engloba os gastos dos últimos cinco anos na rede pública de saúde e indenização por danos morais coletivos. Três empresas que controlam 90% do comércio de cigarros em todo o Brasil, segundo a AGU, são alvo da ação: Souza Cruz, Philip Morris Brasil Indústria e Comércio e a Phillip Morris Brasil S/A e suas controladoras internacionais.

O pedido é para que as fabricantes paguem o que foi gasto pela União com o tratamento de 26 doenças, que segundo a AGU têm relação cientificamente comprovada com o consumo ou contato com a fumaça dos cigarros. Além disso, a Advocacia-Geral também solicita a reparação proporcional dos custos que terá nos próximos anos com esses tratamentos.

Embora a ação tenha sido protocolada no Rio Grande do Sul, ela se refere aos gastos da União em todo o território nacional.  Ainda não há uma estimativa do montante que deve ser ressarcido, já que esse cálculo só será realizado em caso de condenação.

— Ainda não existem cálculos precisos e específicos nos parâmetros da sentença, até porque a gente depende de um posicionamento do Poder Judiciário para que eles estabeleça as balizas dessa condenação para que se proceda uma liquidação dos danos — explicou o advogado da União, Vinícius Fonseca, um dos autores da ação.

A procuradora-geral da União na 4ª Região, Mariana Filchtiner Figueiredo, afirma ainda que a ação é parte de um tratado internacional com 180 países para compensar os danos causados pelo tabaco.

— O que a Advocacia-Geral da União está fazendo é atuar para buscar a indenização, o ressarcimento ao SUS, pelos danos que o cigarro ou a sua fumaça causou, e que vêm sendo custeados pela sociedade, e não pela indústria que lucra com a atividade.

Entre os mais de 400 documentos anexados na ação, a AGU ainda diz que possui elementos que mostram que as empresas omitiram e manipularam informações sobre os malefícios do cigarro, agindo de má-fé para aumentar suas vendas e lucros. O órgão ainda se baseia em um precedente internacional dos Estados Unidos da América que começaram a ajuizar ações semelhantes a partir de 1994. Nos últimos 20 anos, a indústria do cigarro pagou mais de R$ 500 bilhões aos estados americanos.

Livre arbítrio

Um dos argumentos mais utilizados pela indústria do tabaco é de que o consumidor possui livre arbítrio para decidir se fuma ou não. No entanto, a AGU argumenta que a União não pode escolher se trata ou não uma pessoa com doença causada pelo tabaco.

— A União não escolhe pagar ou não um tratamento de saúde. No momento que a pessoa se apresenta com uma enfermidade diante do Sistema Único de Saúde (SUS) ela recebe o tratamento — disse Fonseca.

Ele ainda acrescentou que, por se tratar de um vício, muitas vezes iniciado antes dos 18 anos de idade, o cigarro deixa de ser uma mera opção individual. A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), publicada em 2015 pelo IBGE, mostra que 18,4% dos alunos do 9º ano do Ensino Fundamental já haviam experimentado algum tipo de cigarro. Além disso, 26,2% dos estudantes tinham, pelo menos, um dos pais fumantes.

A Souza Cruz se manifestou por nota. Disse que ainda não teve acesso ao conteúdo do processo, “mas se surpreende com o texto da ação da AGU, que segundo publicado na imprensa, afirma que as empresas citadas detêm 90% do mercado. A realidade, segundo dados do Ibope, é que 54% do mercado brasileiro é ilegal, sendo sua maior parte contrabandeada do Paraguai”. A Philip Morris Brasil disse, em nota, que não foi notificada do caso e “aguardará para se posicionar”.

Gastos com doenças relacionadas ao tabaco

Um estudo inédito divulgado em 2017 pelo Ministério da Saúde e pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) apontou que o consumo de cigarros e outros derivados causa um prejuízo de R$ 56,9 bilhões ao país a cada ano. Deste total, R$ 39,4 bilhões são com custos médicos diretos – o que corresponde a 8% de todo gasto com saúde – e R$ 17,5 bilhões com custos indiretos, decorrentes da perda de produtividade, provocadas por morte prematura ou por incapacitação de trabalhadores.  Os dados são referentes a 2015.

O levantamento mostrou ainda  que o tabagismo foi responsável por 156.216 mortes no Brasil em 2015, que representam 12,6% de todos os óbitos de pessoas com mais de 35 anos.  A pesquisa, que teve coordenação científica da Fundação Oswaldo Cruz e do Instituto de Efectividad Clínica y Sanitaria (IECS), da Universidade de Buenos Aires, mostrou ainda que  a arrecadação tributária da venda de cigarros é de cerca de R$ 13 bilhões ao ano, valor que cobre apenas 23 % das perdas causadas pelo tabagismo.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que por ano 7 milhões de pessoas morrem em função do tabagismo. Desse total, 900 mil são não fumantes que morrem pela fumaça exalada por fumantes.  O dia 31 de maio é o Dia Mundial Sem Tabaco, criado em 1987 pela OMS para alertar sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo.

Fonte e foto: Gaúcha ZH

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