Após prisão, Lula perde votos; Marina e Bolsonaro estão empatados, diz Datafolha
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lidera corrida à Presidência da República com 31% das intenções de votos no melhor cenário, mas viu a diferença diminuir em relação aos seus principais adversários após ser preso pela Operação Lava Jato, segundo pesquisa divulgada no início da madrugada deste domingo pelo Datafolha. No fim de janeiro, no levamento anterior, o petista tinha até 37%.
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O levantamento divulgado neste domingo é o primeiro após Lula ter sido preso. A pesquisa também mostrou que os pré-candidatos Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede) herdam dois de cada três apoiadores do ex-presidente. Nos cenários sem Lula, o deputado Jair Bolsonaro (PSL) aparece com 17% das intenções de voto, empatado tecnicamente com Marina Silva (Rede), entre 15% e 16%.
A pesquisa foi realizada entre quarta-feira (11) e sexta-feira (13) – Lula foi preso no sábado, 7, após se entregar na sede da Polícia Federal, em Curitiba. O PT ainda considera o ex-presidente candidato do partido ao Planalto e diz que irá registrá-lo dia 15 de agosto. A condenação em segunda instância, no entanto, faz com que ex-presidente se enquadre na Lei da Ficha Limpa. O registro depende de aprovação do Tribunal Superior Eleitoral.
O Datafolha traçou 9 cenários na corrida presidencial. Lula aparece em três deles e oscila entre 30% e 31%, à frente do deputado Jair Bolsonaro (PSL), que varia entre 15% e 16%, e Marina Silva (Rede), com 10%. Nos outros seis cenários, sem a presença do ex-presidente Lula, Bolsonaro e Marina Silva aparecerem tecnicamente empatados. O deputado federal lidera com 17% e a ex-ministra oscila entre 15% e 16%.
Em todos os cenários, o instituto de pesquisa colocou o nome do ex-ministro do STF Joaquim Barbosa, apontado pelo seu partido, o PSB, como pré-candidato ao Planalto. Barbosa, que ainda não admitiu publicamente se será ou não candidato, oscila entre 8% e 10% das intenções de voto. Já o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB, aparece com 6% e até 8% no melhor dos cenários.
O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) alcança 9% em todos os cenários sem Lula, empatado com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), que varia de 7% a 8%, e o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, que entrou no PSB, mas ainda não se lançou candidato. Barbosa oscila entre 9 e 10%.
Marina, Ciro e Alckmin concorreram em eleições presidenciais anteriores e são bem conhecidos pelos eleitores. Barbosa nunca disputou uma eleição, mas ganhou notoriedade pela forma como conduziu o julgamento do mensalão no STF, em 2012.
Menos conhecidos do eleitorado, os dois nomes cotados no PT para substituir Lula se ele desistir da candidatura têm desempenho fraco. O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad aparece com 2% e o ex-governador da Bahia Jaques Wagner tem 1%.
Os dois candidatos de esquerda que ficaram ao lado de Lula nas horas que antecederam sua prisão têm resultados parecidos. Manuela D’Ávila (PC do B) atinge no máximo 2% e Guilherme Boulos (PSOL) chega a 1%.
O presidente Michel Temer (MDB), que acena com a possibilidade de concorrer à reeleição, alcança 2% das intenções de voto. O ex-ministro Henrique Meirelles, que entrou no MDB e também tem aspirações presidenciais, não passa de 1%.
Maioria vê como justa prisão de ex-presidente
Opinião é de 54% dos eleitores ouvidos pelo Datafolha; 40% discordam
.A prisão do último dia 7 foi justa e o ex-presidente Lula não irá disputar a eleição ao Planalto este ano, avalia a maioria das pessoas ouvidas na última pesquisa Datafolha. Os entrevistados, no entanto, se dividem quando questionados se Lula deveria concorrer à eleição ou ser impedido de fazer campanha à Presidência.
Esta é a primeira pesquisa feita após o petista ter iniciado o cumprimento de sua pena na sede da Polícia Federal em Curitiba.
Segundo o levantamento, 54% das pessoas veem a prisão de Lula como justa, contra 40% que consideram o contrário. Seis por cento não opinaram.
Houve uma reversão, entre janeiro e abril, da quantidade de pessoas que acreditam que Lula poderá concorrer. Hoje, para 62% dos brasileiros, o ex-presidente não estará nas urnas na eleição de outubro. Em menor quantidade, se dividem os que consideram que “com certeza” ele participará das eleições (18%) e os que pensam que “talvez” (16%).
Em janeiro, uma fatia de 53% achava que Lula iria à disputa —dessas, 32% apostavam que “com certeza” ele seria candidato.
O Datafolha aponta que as pessoas que consideram a prisão de Lula justa são, em sua maioria, homens, com maior taxa de escolaridade, maior média de salário e morador das regiões Sudeste, Sul ou Centro-Oeste. Entre os mais escolarizados essa porcentagem chega aos 71%. A opinião de que a prisão foi injusta prevalece entre menos escolarizados, com 51%. Chega a porcentagens próximas entre os mais pobres e regiões Norte e Nordeste.
Só metade dos petistas acompanha orientação de Lula
Dois de cada três apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizem que certamente votariam num candidato indicado por ele se o líder petista ficar fora da corrida presidencial. Mas um terço dos eleitores lulistas se declararam sem candidato quando se viram diante das opções oferecidas nos cenários em que o ex-presidente não participa da eleição. Eles preferem votar em branco, ou anular o voto, em vez de escolher outro nome.
Quase metade dos eleitores se declara disposta a votar em alguém apoiado por Lula: 30% dizem que o fariam certamente e 16% talvez. Entre lulistas, 66% votariam no indicado pelo ex-presidente com certeza e 21% talvez.
Entre os nomes lançados na disputa eleitoral, os que mais se beneficiam com a ausência do líder petista são a ex-senadora Marina Silva (Rede) e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), que foram ministros de Lula, mas se distanciaram muito do PT nos últimos anos.
Marina alcança no máximo 20% dos votos lulistas nos cenários em que o ex-presidente é substituído por um dos dois nomes cotados no PT para assumir a vaga, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e o ex-governador da Bahia Jaques Wagner..
Ciro fica com 15% do espólio lulista no cenário mais favorável para ele, segundo o Datafolha. Manuela D’Ávila (PC do B), que ficou ao lado de Lula nas horas que antecederam sua prisão no dia 7, herda apenas 3% dos votos. Segundo o Datafolha, parte do eleitorado lulista se dispersaria. Eles se mostram dispostos a apoiar até nomes da direita, como o deputado Jair Bolsonaro (PSL), ou o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), que Lula derrotou na eleição presidencial de 2006.
Conforme as simulações do Datafolha, Marina e Ciro teriam melhores chances do que os petistas no embate com Bolsonaro e Alckmin se chegarem ao segundo turno.
Alckmin deixa governo paulista com aprovação de 36%
Geraldo Alckmin (PSDB) deixou o governo de São Paulo com índice de aprovação de 36%, segundo pesquisa do Datafolha realizada após sua renúncia para disputar a Presidência. Entre os eleitores paulistas, 40% classificam sua gestão como regular e 22%, como ruim ou péssima. O tucano encerra seu mandato e entra em uma campanha nacional em condições mais desfavoráveis do que aquelas que apresentava em 2006, quando renunciou para se candidatar ao Palácio do Planalto pela primeira vez. Os índices atuais do tucano variaram pouco em relação ao levantamento anterior, de dezembro, quando 34% dos eleitores consideravam seu governo ótimo ou bom e 25% classificavam a gestão como ruim ou péssima.
Os números, porém, consolidam uma curva de leve recuperação da popularidade de Alckmin desde que sua popularidade despencou em 2015, primeiro ano de seu último mandato. Na ocasião, o tucano enfrentava os reflexos da crise hídrica paulista e protestos contra um plano de remodelação do sistema público de educação. Em pouco mais de um ano, a avaliação positiva de seu governo caiu de 48% para 28% e a reprovação subiu de 17% para 30%.
EM CASA
Alckmin larga com dificuldades em seu próprio reduto nesta corrida presidencial. A pesquisa do Datafolha mostra que apenas 16% dos paulistas declaram voto no ex-governador. Ele aparece tecnicamente empatado com Jair Bolsonaro (16%) e Marina Silva (13%), e à frente de Joaquim Barbosa (11%) e Ciro Gomes (8%). A taxa de aprovação do governo Alckmin é considerada um termômetro importante para seus planos eleitorais. O tucano pretende usar a gestão paulista como seu principal cartão de visitas na corrida pelo Palácio do Planalto. Além disso, uma popularidade alta no estado poderia turbinar o potencial de votos do tucano em casa—o que compensaria obstáculos previstos por seus aliados no Norte e no Nordeste.
Eleitor de baixa renda e petistas reduzem crença em candidatura de Lula
Cresceu a proporção de eleitores de baixa renda e de estados do Nordeste que acreditam que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não disputará a eleição presidencial deste ano.
A nova pesquisa do Datafolha indica que, após a prisão do petista, a desconfiança sobre a viabilidade de sua candidatura atingiu também os segmentos que em que se concentra boa parte de seu eleitorado. A descrença aumentou também no grupo que cita o PT como partido de preferência.
Pela primeira vez, mais de metade dos eleitores com renda abaixo de dois salários mínimos diz que o ex-presidente não disputará a eleição. Esse percentual passou de 36%, em janeiro, para 52%.
A crença na candidatura de Lula também diminuiu entre os eleitores que tem apenas o ensino fundamental completo. Subiu de 33% para 52% o índice de entrevistados que afirmam que o nome do petista não estará nas urnas.
Curva semelhante foi observada no Nordeste: em janeiro, 32% dos entrevistados da região diziam que Lula não concorreria; agora, são 46%.
Até os eleitores petistas ampliaram sua desconfiança. Na pesquisa anterior, 22% daqueles que diziam ter preferência pelo PT afirmavam que Lula não seria candidato. Esse número subiu para 36%.
ESTRATÉGIA
O aumento da descrença nos redutos petistas coloca em dúvida o sucesso da estratégia do PT de insistir no registro do nome do ex-presidente na eleição.
Apesar do veto expresso pela Lei da Ficha Limpa, a intenção do partido é manter a imagem de Lula candidato para evitar seu enfraquecimento imediato. A cúpula da sigla se recusa a discutir a substituição do ex-presidente e, como consequência, não indica ao eleitorado um nome alternativo.
O PT pretende registrar a candidatura de Lula, apesar de ele estar preso desde 7 de abril. Mesmo encarcerado, ele poderá apresentar sua postulação até agosto. Só então, a Justiça Eleitoral analisará o pedido.
Os números do Datafolha mostram que Lula preserva força no eleitorado. Ele tem 31% das intenções de voto no cenário mais favorável entre nove pesquisados. No fim de janeiro, o petista aparecia com até 37%.
Por outro lado, os dados sugerem que uma parcela crescente da população não enxerga mais caminhos para que o ex-presidente participe, de fato, da próxima eleição. Atualmente, para 62% dos brasileiros, o ex-presidente não estará nas urnas em outubro.
O Datafolha ouviu 4.194 eleitores em 227 municípios de quarta (11) a sexta-feira (13). A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número BR 08510/2018.