Sartori avisa que PMDB precisa ter plano B e condiciona aprovação do Regime Fiscal para concorrer
Por mais que nunca tenha assumido a condição de candidato à reeleição, o governador José Ivo Sartori reforçou nos últimos dias o alerta ao PMDB de que a legenda precisa ter um plano B. A pressão para não ser candidato vem, principalmente, dos filhos Carolina e Marcos, mas há um fato político que será determinante: a adesão ou não do Rio Grande do Sul ao regime de recuperação fiscal. Se o projeto que autoriza a adesão não for aprovado pela Assembleia Legislativa na convocação extraordinária, de 29 a 31 deste mês, é praticamente certo que Sartori tirará o time de campo.
A expectativa no Piratini é de que a autorização será aprovada com 28 a 30 votos, mas esse projeto não é suficiente para garantir a suspensão do pagamento da dívida por três anos e a autorização para o Estado contrair novos empréstimos. O Rio Grande do Sul precisa oferecer garantias, e isso passa pela derrubada da exigência de plebiscito para a privatização de estatais. Por se tratar de emenda à Constituição, são 33 votos – e hoje o governo não os tem.,
Ainda que a Assembleia faça a sua parte – ou que uma decisão judicial suspenda a exigência de plebiscito – falta amarrar as pontas do acordo com o governo federal. A Secretaria do Tesouro Nacional exige que o Estado apresente relatórios realistas da execução fiscal e assuma que houve maquiagem nos últimos anos, para se enquadrar à Lei de Responsabilidade Fiscal.
Os principais líderes do PMDB sustentam que o candidato do partido é Sartori, mas reconhecem que ele só é competitivo se colocar os salários em dia. Além da adesão ao regime de recuperação fiscal, a venda de ações do Banrisul é considerada crucial para o ingresso de dinheiro novo no caixa. O sucesso da operação depende das condições do mercado, que no momento ainda são desfavoráveis.
Resolvida a equação financeira, ainda falta a política. Sartori gostaria de manter unida a base de seu governo, mas cada partido ensaia uma candidatura autônoma.
– Quem está a fim de sustentar o projeto? – costuma perguntar Sartori quando se discute a possibilidade de um acordo multipartidário, em que o PMDB cederia a cabeça de chapa.
O vice-governador José Paulo Cairoli (PSD) defenderia o projeto com muita convicção, mas diz que só será candidato a governador se Sartori não quiser concorrer.
Quando um companheiro o questiona sobre a possibilidade de concorrer ao Senado, Sartori apenas ri e fica em silêncio. Amigo de décadas, o deputado Ibsen Pinheiro duvida dessa hipótese:
– Ou Sartori concorre à reeleição, com as contas equilibradas, ou não será candidato. Não acredito que possa renunciar para disputar uma cadeira no Senado.
Possível opção do PMDB para o Piratini caso Sartori não concorra, o ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra, diz que será candidato à reeleição como deputado federal. Cezar Schirmer, cotado pelo PMDB para concorrer a deputado federal ou estadual, já avisou que está fora do páreo e seguirá na Secretaria da Segurança.