Passo Fundo é a segunda cidade do Estado com maior número de infrações, com 100 mil ocorrências
O número de multas passou do dobro em Passo Fundo. Em comparação com a sequência de 2010 a 2014, quando a cidade reuniu uma média de 53,6 mil multas, houve uma crescente no ano passado: foram 109.196 autuações registradas pelo Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran/RS). O município só perde para Porto Alegre em todo o Estado. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, o alto índice se deve pela alteração dos equipamentos de fiscalização eletrônica no município, realizada no fim de 2015. Para se ter uma ideia do crescimento das multas, o único ano rotulado como fora da curva pelo setor foi o de 2015. Isso porque durante cinco meses, a cidade ficou sem fiscalização eletrônica, visto que uma empresa deixava de operar e outra entrava em funcionamento nesse período. A mudança fez com que o dado registrasse baixa: naquele ano foram 36.833 infrações. De acordo com o secretário adjunto de Segurança Pública e coordenador da Guarda Municipal de Trânsito, Ruberson Stieven, o município trocou os aparelhos em razão de que o antigo – modelo de 2009 – tinha aproveitamento de, no máximo, 35% das imagens captadas nas infrações. O atual, que foi instalado em 2015, aproveita de 95 a 98% das imagens gravadas. “O número aumentou porque houve um aproveitamento muito superior dessas imagens. Essa diferença causou até um certo espanto, mas nós já esperávamos por isso”, afirma. Se comparar 2015 com 2016, foi registrado um aumento de 196% nas infrações de trânsito. Foram 72.363 multas a mais se comparado com o ano anterior com a temporada que houve a troca de equipamentos. O secretário adjunto lembra, também, a diária presença de motoristas da região em virtude dos segmentos do comércio, educação e saúde. “Houve um aumento de frota de veículos e a cidade é polo, atrai milhares de pessoas de fora. Isso colabora com o aumento também. Não são apenas os condutores daqui”, declara. Os dados de 2016 apresentam Passo Fundo muito a frente de cidades do mesmo porte. O município registrou 93 mil multas a mais que Santa Maria, com 15 mil, Canoas (60 mil a mais), Rio Grande (93 mil), São Leopoldo (49 mil) e Novo Hamburgo (98 mil). A grande diferença para os outros municípios, de acordo com Stieven, é pela questão comportamental. O secretário adjunto diz que para haver diminuição do número de multas é necessário que o motorista seja mais atento e cumpra as legislações de trânsito. “O condutor deve ter um comportamento diferente em outras cidades, porque está ligado a situação comportamental. Está na mão dos condutores isso. Eles que devem reduzir os números”, salienta. Até o fim de abril deste ano, a tabela do Detran registrou 35,3 multa em Passo Fundo. Stieven acredita que, se a tendência se manter, o município deve registrar baixa nas autuações no fim do ano. “Levando em consideração as 109 mil multas do ano passado, esse ano temos 35 mil e estamos chegando na metade do ano. A tendência é que haja uma redução no total, com 70 mil multas ou, no máximo, 80 mil. É uma redução muito importante. Isso mostra que o condutor está se conscientizando e sentindo no bolso o valor que chega em casa”, completa o secretário. Dinheiro arrecadado nas multas Se enquadradar todas as 109.196 multas de 2016 na gravidade leve, ou seja, no valor de R$ 88,38, o município arrecadaria, pelo menos, R$ 9,65 milhões. A quantia do cálculo pode ser ainda maior se considerarmos os diferentes graus das multas e seus consequentes valores. Segundo o secretário adjunto da Secretaria de Segurança Pública, o total do valor arrecadado é destinado de 50 a 70% para a Prefeitura de Passo Fundo, que utiliza a verba para serviços de autuações – contenção de gastos com impressão das infrações, envio de correspondências, compra de material viário etc – e, pagar a empresa responsável pela fiscalização eletrônica e destina o restante para educação de trânsito, “Os recursos entram num caixa separado, não no caixa único municipal. São usados exclusivamente para retornar na mobilidade urbana. Com ele, podemos manter a frota de viaturas de fiscalização, combustível, sinalização e implementação do sistema semafórico”, complementa. O restante da quantia arrecadada nas multas é destinado ao Detran/RS. No Estado Até abril deste ano, foram registradas 1,03 milhão de multas no Rio Grande do Sul. O número é ainda um pouco abaixo de 1/3 das autuações apontadas no Estado em 2016, quando foram 3,6 milhões de infrações. Neste ano, entre as categorias aplicadas às multas, a infração de gravidade média é a líder: foram mais de 530 mil multas em todo o Estado. As multas consideradas graves e gravíssimas têm dados próximos: a primeira, com 237 mil casos, e a segunda com 203 mil registros, seguido de outras (53 mil) e multas leves (7 mil). Em 2016, a maioria das multas também foram na sequência de médias, graves e gravíssimas.