Rio Grande do Sul lidera criação de vagas no Brasil no acumulado do ano

O Rio Grande do Sul foi o estado brasileiro que mais criou vagas de emprego formal em março de 2016 e no acumulado do ano, de janeiro a março. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (22) pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.
Segundo os números, o Estado criou, em março, 4.803 empregos com carteira assinada na série sem ajuste, o equivalente a uma expansão de 0,18% em relação ao estoque de assalariados com carteira assinada do mês anterior. Além do Rio Grande do Sul, registraram saldo positivo os estados de Goiás (3.331), Roraima (220) e Mato Grosso do Sul (187 postos criados). Na série ajustada, que incorpora as informações declaradas fora do prazo, nos três primeiros meses do corrente ano, houve acréscimo de 18.614 postos (+0,72%).
Tal expansão deveu-se, principalmente, ao crescimento nos setores da Indústria de Transformação (+5.598 postos, devido às atividades ligadas ao processamento industrial de fumo, com incremento de 3.236 postos) e do Comércio (+1.546 postos), cujos saldos superam a queda do emprego no setor da Agropecuária (-2.129 postos).
Nos três primeiros meses do ano, o Rio Grande do Sul acumula saldo positivo de 18.614 novos empregos na série com ajuste, maior número do País e o equivalente a uma alta de 0,72%. Apenas outros quatro estados registram saldo positivo no ano: Santa Catarina (8.496), Mato Grosso (7.422), Goiás (5.392), Mato Grosso do Sul (1.495) e Roraima (200).
Para Lúcia Garcia, coordenadora do sistema Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) do Dieese, os dados não surpreendem, já que a atividade econômica no Estado, historicamente, vai desaquecendo em dezembro e volta lentamente a aquecer – e a recuperar postos de trabalho – no primeiro trimestre do ano.
Ela ainda aponta que o mercado de trabalho é mais complexo do que parece. “Não basta olharmos apenas para a geração de empregos – ela precisar ser em volume suficiente para a força de trabalho que se tem disponível”, ressalta.
Lúcia tem ainda outra explicação para a discrepância entre a sensação de falta de empregos que se tem e os números do Caged: “a crise no Brasil foi orquestrada, ainda que tenha certo fundamento econômico, e intencionalmente agravada por alguns segmentos – porta-vozes de interesses de classes no País”, afirma. “O empresariado embarcou nessa, mas isso parece já estar saturado”, diz.
Brasil fechou 118.776 postos de trabalho em março
O Brasil teve a maior perda de vagas formais para meses de março em 25 anos. No mês passado, o País fechou 118.776 postos de trabalho com carteira assinada (-0,30%). Nos últimos 12 meses, já foram suprimidas 1.853.076 milhões de vagas formais.
Os números levam em conta a diferença entre demissões e contratações. Quase todos os setores da economia demitiram mais do que contrataram. A exceção foi a administração pública, com 4,3 mil vagas a mais no mês.
O comércio e a indústria de transformação fecharam o maior número de vagas, respectivamente, 41.978 e 24.856. Em terceiro lugar, vem a construção civil, com supressão de 24.184 vagas. Os estados que mais fecharam postos de trabalho em fevereiro foram São Paulo (-32.616 vagas), Rio de Janeiro (-13.741) e Pernambuco (-11.383).