Procura pela imunização contra a Influenza A H1N1 zera estoques

O início da vacinação nacional contra a Influenza A e B, programado para o dia 30 de abril, será antecipado em alguns estados, como é o caso do Rio Grande do Sul. Por aqui, as doses serão distribuídas aos grupos de risco partir do dia 25. A urgência de imunizar a população acontece com o registro de surtos da Influenza A H1N1 em São Paulo e Santa Catarina e a as duas primeiras mortes do ano no Estado.
A preocupação com o contágio, no entanto, aumentou a procura pela rede privada, que percebeu o término dos estoques. “A vacina tem um custo elevado, mas não é cara. Caro é o que não vale o que se paga. A venda cresceu nas últimas duas semanas. A maioria das pessoas não está no grupo de risco”, afirma o responsável por um dos locais que comercializam a vacina na cidade, dr. Francisco Bittencourt.
Em virtude do que é noticiado no país, a autônoma Carla Vieira levou os três filhos para fazer a vacina. O menor e o mais velho sofrem com complicações respiratórias e ela declara ter tomado essa decisão por medo que sejam notificados novos casos antes da vacinação nacional começar. “Eu e meu marido fizemos um esforço. No ano passado, só compramos para o do meio, que está fora do grupo de risco, mas sentimos que era necessário fazer agora, até porque ela não faz efeito imediatamente”, justifica.
Francisco desconhece o que desencadeou os surtos antecipados, uma vez que nos situamos na zona temperada, onde os vírus circulam com mais intensidade durante o inverno, mas enfatiza a importância do maior número possível de pessoas tomar a dose. “Há o efeito de rebanho: se vacinar 80% da população, os outros 20% estarão protegidos”, identifica.
A vacina que será distribuída nas unidades públicas é trivalente: ela protege contra as Influenzas A H1N1, A H3N2 e B Victória. A rede privada, além da trivalente, comercializa tetravalente, que tem mais a Influenza B Yagamata. A escolha dos tipos de vírus que irão compor as vacinas acontece a partir de um estudo, que aponta quais são os mais comuns durante o ano. Quanto à sua eficácia, ela gira em torno de 80% para pessoas saudáveis e com menos de 60 anos. Quanto maior for a idade, menor será a taxa de imunização. Isso também acontece se o indivíduo for portador de alguma doença que interfira a sua imunidade, como as cardiovasculares, a diabetes e a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, ou se a sua imunidade for comprometida naturalmente ou pelo uso de medicamentos. Quem recebe a dose está imune depois de aproximadamente 15 dias. O pico máximo de imunização acontece entre seis meses e um ano e ela precisa ser renovada no ano seguinte.
É considerado grupo prioritário para a vacina as pessoas acima de 60 anos, gestantes, mulheres no período de até 45 dias após o parto, crianças entre seis meses e menos de cinco anos, profissionais de saúde, indígenas, a população carcerária e doentes crônicos. No entanto, como destaca o dr. Francisco, “a vacina é indicada para todas as pessoas”.
Vacinação na rede pública
A campanha nacional de vacinação está prevista para acontecer entre 30 de abril a 20 de maio. De acordo com o ministério, nas três primeiras remessas da vacina, a serem encaminhadas até o dia 15, os estados vão receber 25,6 milhões de doses, o que representa 48% do total de lotes a serem encaminhados para toda a campanha deste ano.
O cronograma de imunização no Rio Grande do Sul, assim como em outros estados, como foi mencionado, será iniciado no dia 25. A vigilância ainda não sabe quantas doses a cidade receberá, mas, segundo o coordenador da 6ª Coordenadoria Regional de Saúde (6ª CRS), a expectativa é vacinar 200 mil pessoas na região. “A gente está atento aos acontecimentos, para que a gente possa dar conta do serviço, para podermos vacinar a nossa população dentro dos grupos previstos”.
Aumento da procura pelo tamiflu
Atualmente, o Tamiflu é o único medicamento distribuído pela rede pública de saúde para tratar a Influenza A. A procura, segundo a Coordenadora de Vigilância em Saúde, Caroline Gosch, cresceu nas duas últimas semanas. “O medicamento fica centralizado na vigilância, que distribui para as unidades de saúde e hospitais quando eles solicitam. Essa solicitação cresceu principalmente por conta das notícias de contaminação”, identifica.