Dunga põe exposição de atletas em xeque e reforça que xingar é necessário
Dunga, dias depois de reassumir o comando da seleção brasileira, concedeu entrevista exclusiva para a TV Globo, no “Fantástico”, e deixou nas entrelinhas que a linha dura com a qual comandou a seleção até a Copa do Mundo de 2010 deve voltar, apesar de estar mais “ameno” em suas atitudes. Durante a conversa com o programa, ele criticou duramente a exposição dos jogadores da seleção e deixou claro que acredita que xingar, dar broncas pesadas, é sim parte necessária do comando da equipe nacional.
Durante a entrevista, por diversas vezes ele retoma o assunto exposição, mesmo quando a pergunta não era diretamente ligada ao tópico. Por exemplo, quando interrogado sobrea David Luiz, zagueiro dono de péssima atuação na goleada sofrida para a Alemanha, por 7 a 1, na semifinal da Copa do Mundo. “Ninguém tem lugar garantido na seleção. Jogador tem que jogar pelo que faz em campo, não pela imagem que vende”, disse.
Antes, já havia citado o marketing extra-campo como um dos problema que deseja evitar. “O foco maior tem que ser a seleção brasileira. Dar entrevista? É com o chapeuzinho da seleção. Ou não dá. Tem que ter o marketing pelo futebol, pela qualidade. O Brasil tem que falar do que faço no campo do que do extra-campo”, afirmou.
Para ele, essa exposição dificulta aos técnicos serem duros com seu jogadores: “Qualquer grupo eu não tenho que ficar intimidado de chamar a atenção. Não tem esse negócio. Se você vai perder eu também vou perder. Tá faltando isso no futebol em geral, no Brasil. Todo mundo tem grande exposição, e isso deixa com medinho de dar bronca, mandar para aquele lugar, chamar atenção do outro.”
Sobrou até para os cabelos descoloridos de Neymar e Daniel Alves, que ficaram loiros durante o Mundial. “Sem dúvida (falaria pra não pintar). Tem que ser antes ou depois”, criticou.
O técnico também comparou a preparação da seleção brasileira com duas outras equipes que foram longe na Copa: Alemanha e Holanda. Os alemães ficaram na Bahia e fizeram sucesso com o povo brasileiro ao apareceram na mídia deixando claro que estavam curtindo o país; já os holandeses ficaram no Rio de Janeiro e aproveitaram praias e baladas da cidade.
Para Dunga, o detalhe que diferencia as duas preparações da brasileira é que a exposição ocorreu apenas fora dos treinos, diferentemente do visto na Granja Comary, concentração da seleção: “Eu acho que em certo momento a seleção tem que ter privacidade. Só que eles (holandeses e alemães) tinham fora do muro deles, aí sim tinha a exposição na mídia. No treinamento teve pouca.”