Horacio Cartes é o novo presidente paraguaio
O multimilionário Horacio Cartes é o novo presidente do Paraguai, anunciou neste domingo o titular do Tribunal Superior de Justiça Eleitoral (TSJE), Alberto Ramírez. Cartes obteve 45,91% dos votos, superando o governista Efraín Alegre (36,84%), que reconheceu a derrota pouco antes. Os esquerdistas Mario Ferreira (Aliança País) e Aníbal Carrillo (Frente Guasú, liderada pelo ex-presidente Fernando Lugo) obtiveram, respectivamente, 5,69% e 3,43%, segundo a autoridade eleitoral.Em discurso logo após o anúncio da vitória, Cartes renovou promessas. “Na campanha eleitoral, falávamos que, ouvindo as pessoas, queríamos dar um novo rumo ao Paraguai. Quero reafirmar o compromisso assumido e ratificar agora ao Partido Colorado e a todos os outros partidos, e àqueles que não são de nenhum partido, que venceu o Paraguai, e o compromisso é com todos os paraguaios da república” afirmou. Diante de militantes, o empresário prometeu “trabalhar para todos os paraguaios”, principalmente para os mais necessitados, idosos, jovens e mulheres. Carreira meteórica na políticaHoracio Cartes, um empresário multimilionário e dirigente esportivo de 56 anos, é novato na política. Ele, porém, é o responsável por recolocar o Partido Colorado no poder. A sigla governou o Paraguai por 61 anos ininterruptos até 2008, quando o oposicionista Fernando Lugo foi eleito.Nascido em Assunção em 5 de julho de 1956, Cartes é o terceiro de quatro irmãos. Seu pai, representante da Cessna no Paraguai, estimulou-o a se especializar em motores de aviação nos Estados Unidos. Foi lá que Cartes terminou o segundo grau. Depois de obter diplomas técnicos, em 1975, já estava de volta ao Paraguai para se dedicar à atividade empresarial. Hoje, separado da mulher, María Montaña, mãe de seus três filhos, ele vive em uma sóbria mansão no bairro nobre de Carmelitas de Assunção.Conhecido por suas conquistas à frente de um grupo de 25 empresas e como presidente do clube de futebol Libertad, Cartes se filiou em 2009 ao Partido Colorado, que é conservador e de direita, para iniciar uma meteórica carreira que o levou aos limiares do Palácio do Governo.O candidato conseguiu que o centenário partido, fundado em 1887 e administrador histórico do Estado paraguaio, reformasse seus estatutos para permitir que competisse pela presidência do país, apesar de sua recente militância.Cartes votou pela primeira vez em sua vida nas eleições municipais de 2010 e conseguiu recompor a estrutura colorada, abalada pela vitória do ex-presidente de esquerda Fernando Lugo há cinco anos, e obteve a unidade necessária para alavancar sua candidatura.Embora a presidente do Partido, Lilián Samaniego, vanglorie-se de ter “renovado e limpado” a cúpula partidária dos dirigentes que afundaram os colorados no desprestígio e aceleraram sua queda, Cartes está cercado dos líderes do passado, associados à corrupção e ao clientelismo, algo muito explorado pelo seu principal rival na eleição, Efraín Alegre, que o ligou ao narcotráfico e ao contrabando de cigarros e lembrou que o empresário passou três meses na cadeia, em 1985, acusado de uma milionária evasão de divisas – denúncia da qual saiu incólume.
