Vaticano nega que Papa tenha sido conivente durante ditadura na Argentina
O Vaticano divulgou nesta sexta-feira um comunicado desmentindo os rumores de que o Papa Francisco foi conivente com os crimes cometidos durante a ditadura na Argentina (1966-1973). O porta-voz, padre Federico Lombardi, disse que as informações são originárias de uma “campanha difamatória” e com “uma forte carga ideológica”. “A campanha contra o cardeal Begoglio (Papa Francisco) é conhecida e foi promovida por uma publicação caluniosa e difamatória. A origem é conhecida e notória”, ressaltou o porta-voz, informando que o pontífice jamais foi denunciado ou punido pelas acusações.
Segundo Lombardi, há provas que mostram o quanto o Papa fez em defesa das vítimas da ditadura na Argentina. “Existem várias provas que mostram o quanto ele fez para proteger muitas pessoas”, disse. “As acusações vêm de elementos anticlericais para atacar a Igreja e devem ser refutadas.”Na Argentina, organizações de direitos humanos divulgaram informações de que o novo Papa invocou o direito, existente na legislação argentina, de se recusar a depor em tribunais que julgavam torturas e assassinatos cometidos dentro da Escola de Mecânica da Marinha (Esma). O jornal argentino Clarín informou que o pontífice, ao contrário do que afirmam algumas organizações de direitos humanos, assumiu riscos para salvar os que lutavam contra a ditadura. Detalhes sobre a vida do atual Papa foram publicadas em uma biografia oficial intitulada “O Jesuíta”.O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno, negou nessa quinta que o Papa Francisco tenha sido omisso ou conivente com a ditadura na Argentina. Dom Raymundo disse ter convivido com o religioso e ter participado de vários eventos nos quais ele estava presente, inclusive uma reunião de bispos latino-americanos, em Aparecida do Norte (SP). “Essa versão certamente não coaduna com a verdade”, afirmou. “Ele é um verdadeiro pastor, um homem de solidariedade.” O arcebispo brasileiro ressaltou que o momento é de olhar o Papa “daqui para frente”.