A estudante de Direito Gabriela Machado de Borba, 19 anos, uma das sobreviventes da tragédia em Santa Maria, acusa um segurança da boate Kiss de agressão. Na segunda-feira, ela foi à 1ª Delegacia de Polícia do município da região central do Estado para contar o que ocorreu dentro da casa noturna. O braço, onde Gabriela afirma ter sido segurada pelo segurança, ficou roxo. A estudante acredita que o homem queria que ela mostrasse a comanda, provando que tinha pago a conta. “O irônico de tudo isso é que eu só bebi uma água mineral. Ele não pediu explicitamente a comanda, mas tenho certeza de que era isso que ele queria”, declarou.Gabriela disse que foi pega pelo segurança pouco antes de chegar à porta da boate. A estudante lembra que estava próxima à saída. Um pouco mais atrás estava o namorado Luiz Eduardo Viegas Flores, de 24 anos, oficial escrevente do foro de Três Passos – um dos 235 mortos na tragédia. A jovem contou que a fumaça começou de repente, gerando correria e pânico. Com as chamas já altas, Gabriela correu e se perdeu do namorado.”Corri muito e consegui passar por uma abertura mínima, que separava o salão da porta de saída. Até agora, não sei como consegui fazer isso”, relatou.Na rua, Gabriela não encontrou mais o namorado. Mais tarde ficou sabendo que ele havia morrido. Com lágrimas nos olhos, lembrou que o namoro já durava dois anos e que o casal fazia planos de ficar noivo. “Ele era tão branquinho, mas muito bonito. Não sei o que vou fazer agora, os planos que tínhamos acabaram de uma hora para outra”, lamentou.Acompanhada pelo pai, o policial militar aposentado Wanderlei Oliveira Borba, Gabriela se emocionou ao lembrar dos momentos de terror pelos quais passou na boate.