Em mais de 80 anos de história, a música sertaneja deu pouca abertura aos cantores solo, mas 2011 ficará marcado pelo espaço conquistado por estes artistas. Neste ano, cinco nomes que não contam com uma segunda voz estiveram em evidência: Paula Fernandes, Michel Teló, Luan Santana, Gusttavo Lima e Eduardo Costa. Sem parceiros, eles acabaram definitivamente com o mito de que sertanejo não faz sucesso cantando sozinho e puderam disputar, palmo a palmo, o páreo dos maiores cachês nacionais.
Sozinhos, Luan e Paula Fernandes, por exemplo, arrecadam entre R$ 200 mil e R$ 300 mil –o mesmo que Jorge & Mateus e Fernando & Sorocaba, as duas mais requisitadas duplas da atualidade. Um pouco abaixo, mas aproximando-se cada vez mais das duplas, nomes como Eduardo Costa, Gusttavo Lima e o agora onipresente Michel Teló –sucesso também na Europa– já recebem em torno de R$ 150 mil para cada show.
Dono dos hits “Fugidinha” e “Ai Se Eu Te Pego”, Michel Teló decidiu pela carreira solo em 2009, após 13 anos como vocalista do Tradição, grupo de música sertaneja mais bem sucedido dos últimos 20 anos. Seu irmão e empresário Teófilo Teló admite que a aposta era arriscada, mas que era necessário que Michel se reinventasse como artista.
“A gente acreditava que poderia dar certo sozinho porque o mercado estava abrindo diversas possibilidades, mas principalmente porque o Michel queria mudar, tentar algo novo, se reinventar”, explica Teófilo. “O artista que não se reinventa, morre. Na época em que [Michel] saiu do Tradição, nós sentamos e fizemos um planejamento para que ele conseguisse atingir um patamar de artista mediano em dois anos. Por causa de ‘Fugidinha’, no ano passado, a gente acelerou o processo e o resultado é esse que a gente está vendo hoje”.
Sobre a realidade dos artistas solo, Teófilo diz que o formato é apenas um detalhe. “Não existe segredo para o cara conseguir fazer sucesso hoje. O negócio é a música, ela é a chave que abre todas as portas. Se você acertar a música, você pode ser solo, dupla, trio, que vai dar certo. Cantar sozinho ou não, quando você tem o hit, é o de menos”.
Sobra festa e falta artista
Considerado responsável por acabar com a hegemonia das duplas sertanejas, Eduardo Costa também defende que a questão da novidade de um hit chama a atenção do público. “Se você tem música, tem um trabalho alinhado com um determinado público, a barreira de ser cantor solo vai caindo aos poucos”, explica ele, que abandonou a formação de dupla há cerca de uma década.
“Eu apostei em cantar sozinho por dois motivos: primeiro porque eu realmente acreditava, apesar de todo mundo falar que não ia dar certo. E segundo porque eu improviso demais, invento demais, seria complicado arrumar alguém pra me acompanhar”, explica.
Apesar do surgimento de uma nova geração de cantores solo, Eduardo diz que os artistas não estão preocupados com concorrência. “Quando a gente fala do destaque dos cantores solo, parece que existe uma competição. Quem é de fora [deste meio] acaba tendo essa impressão. A gente, que vive isso todos os dias, sabe que sobra festa e falta artista. Quanto mais gente se destacar, melhor para todo mundo”.
Empresário de Luan Santana, o ex-radialista Anderson Ricardo também comemora os números do cantor, que entrou de férias no último dia 18. Apesar de ter sido tratado como fenômeno em 2010, o ano que se encerra segue mantém números expressivos: “Luan fez 211 shows esse ano no Brasil inteiro, exceto no Acre, onde ele vai cantar em março. Apesar do ano passado ter sido muito positivo, esse ano não ficou para trás: 17 milhões de pessoas assistiram os shows do Luan”, conta o empresário.